Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que 180 milhões de mulheres são diagnosticadas com endometriose no mundo, sendo sete milhões, brasileiras.
A doença afeta a fertilidade e isso ocorre quando o tecido endometrial se implanta fora do útero, provocando reação inflamatória e dor, levando à formação de aderências pélvicas que distorcem a anatomia local e acarretam na disfunção perineal, afetando a capacidade reprodutiva.
Dados do 13º relatório do SisEmbrio – Sistema Nacional de Produção de Embriões, publicado em 2020, mostravam que em 2019, a média da taxa de fertilização in vitro (FIV) nos bancos de células e tecidos germinativas (BCTG) do Brasil, atingiu o percentual de 76%, padrão elevado diante do cenário médio internacional que exige resultados acima de 65%.
Neste mês celebramos o Março Amarelo, campanha que visa a conscientização sobre a endometriose, sendo assim, reunimos alguns especialistas e médicos para tratar de diferentes temas relacionados à endometriose, dentre eles, a questão da infertilidade e possibilidade da Fertilização In Vitro (FIV).
FIV como uma das opções de maior sucesso na realização do sonho da maternidade
Após o diagnóstico da endometriose, a fertilização in vitro (FIV) é considerada como uma opção de tratamento para a infertilidade, possibilitando a realização do sonho de muitas mulheres de ser mãe.
O médico especialista em Reprodução Humana em Gestação de Alto Risco, Dr. Marcelo Murata, uma das principais referências brasileiras em Fertilização In Vitro (FIV), explica que a FIV atualmente é o principal tratamento em casos de endometriose severa, quando as pacientes normalmente já tentaram vários tipos de intervenções.
“A indicação da FIV dependerá de alguns fatores como a idade da paciente, reserva ovariana e grau de comprometimento da endometriose”, acrescenta.
O médico acredita que, nos casos em que a mulher tem o sonho da maternidade, é crucial decidir com cautela qual a melhor via de tratamento, levando em conta principalmente a reserva ovariana e a idade da paciente (que varia de acima de 35 anos a 50 anos).
Ele alerta sobre a necessidade de que a mulher seja tratada por um especialista (médico responsável pela reprodução assistida ou ginecologista), que chegue a um consenso junto à paciente e seus objetivos de qual tratamento será o mais indicado para que tenha maiores chances de engravidar: FIV ou cirurgia.
Murata relaciona a taxa de sucesso da FIV, não apenas à implantação dos óvulos, mas principalmente à qualidade dos embriões, conhecidos como euploides (com grande capacidade de implantação e de sucesso da gravidez).
Para muitas mulheres, principalmente àquelas que tiveram um diagnóstico tardio de endometriose, alcançar o sonho de ser mãe se torna uma luta contra o relógio:
“A partir dos trinta e cinco anos, a reserva ovariana cai mais rápido e aí se inicia a contagem regressiva para uma gravidez bem-sucedida, sendo assim, a FIV costuma ser a melhor opção”, ressalta o médico.
Acupuntura – Como essa área da Medicina Tradicional Chinesa é capaz de aumentar a fertilidade
A acupuntura costuma ser uma das terapias complementares mais recomendadas, quando o objetivo é aumentar a fertilidade no caso da FIV ou engravidar por via natural.
O quanto a acupuntura pode contribuir para os resultados de uma FIV?
- Melhora do fluxo sanguíneo para os órgãos reprodutivos: ovários e útero;
- Melhora no desenvolvimento dos folículos (estruturas localizadas nos ovários, que abrigam os óvulos);
- Interfere na melhoria da qualidade dos óvulos e, consequentemente da implantação em si.
Nos casos de infertilidade, a acupuntura também atua na:
Diminuição da ansiedade – produz excelentes resultados devido à liberação de beta endorfinas no sistema nervoso central;
Modulação dos hormônios – age diretamente no hipotálamo (glândula cerebral), modulando a secreção dos hormônios, sendo muito importante durante todo o ciclo de tratamento da FIV.
Também é uma prática comum que médicos especialistas em Reprodução Assistida recomendem a aplicação da acupuntura no mesmo dia da transferência dos embriões no útero.
A acupunturista, Aniele Hayashi, à frente do consultório Acupuntura Para Engravidar, tem um trabalho voltado à potencialização da fertilidade natural feminina, que em muitos casos, já estão passando pela FIV e desejam obter os melhores resultados com o tratamento.
Ela explica que existem muitos fatores que influenciam a chance de uma gravidez bem sucedida como, por exemplo, irregularidades menstruais, qualidade do óvulo, qualidade do esperma, dias férteis, entre outros.
“Se a mulher ou casal vai tentar a concepção natural, Inseminação Intra-Uterina (IIU), Fertilização In Vitro (FIV), doação de óvulos ou outros métodos, a acupuntura pode ser um recurso fundamental no apoio ao processo”, pontua.
Ela conta que para o aumento da fertilidade, a acupuntura estimula a circulação sanguínea saudável para os órgãos reprodutivos, diminui o risco de bloqueios de Qi (energia vital) em áreas do corpo e reduz significativamente o estresse.
Na Medicina Tradicional Chinesa, além da acupuntura, Aniele também indica outros recursos como Aromaterapia, Floral de Bach, Chás, Dietoterapia Chinesa (alimentos que atuam no equilíbrio da saúde do corpo) e Fórmulas Magistrais Chinesas.
Quando a mulher pode procurar pela FIV?
Murata compartilha que geralmente atende pacientes que já fizeram tratamento para a endometriose, mas com o passar do tempo, entendem que precisam de ajuda para engravidar.
Nos casos de casal homoafetivo que enfrenta o problema da endometriose, o especialista explica que existem formas de tratamento como:
- Inseminação, em que uma das parceiras recebe o espermatozoide;
- FIV, que pode ser realizada com a pessoa que irá gerar o bebê ou por meio da “doação compartilhada”, com os óvulos da parceira.
A fertilização in vitro é um tratamento de alto custo no Brasil, por isso, muitas mulheres diante desse contexto optam pelo processo cirúrgico, dependendo do grau de comprometimento da endometriose.
Seja qual for a abordagem, procure por uma equipe de especialistas com experiência em quadros de endometriose e se cerque de terapias complementares que ajudem no processo, como é o caso da Acupuntura.
Gostou do conteúdo? Conheça mais sobre o trabalho da Dra. Aniele Hayashi, fisioterapeuta por formação, especializada em fisioterapia uroginecológica, pós-graduada em acupuntura, que já ajudou muitas mulheres com endometriose a terem uma melhor qualidade de vida e a realizarem o sonho da maternidade. Acompanhe o trabalho dela nas redes sociais Facebook e Instagram.
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