Neste mês ocorre a campanha “Março Amarelo”, aprovada no Brasil por meio da Lei nº 280/2020, voltada à conscientização a respeito da endometriose e da necessidade da realização de exames que ajudem a diagnosticar a doença.
Apesar de ser uma doença relativamente comum, o principal problema em torno da endometriose é o fato de ser considerada uma “doença silenciosa”, em que o diagnóstico demora entre 7 e 9 anos para ser realizado.
Recentemente ganhou destaque o caso da cantora brasileira Anitta, que descobriu uma endometriose após passar nove anos sofrendo com dores.
Se a Anitta, com todo o acesso aos melhores hospitais e médicos, sofria desta doença sem um diagnóstico, imagina as mulheres que não possuem todos os recursos que ela tem?
A médica, Camila Bruns, especialista em Ginecologia e Obstetrícia com Habilitação em Ultrassonografia (CBR/FEBRASGO/AMB), esclarece as principais dúvidas e caminhos seguros para se chegar ao diagnóstico da endometriose.
“Cada caso demanda uma conduta médica, que precisa ser decidida junto à paciente. Os aparelhos para exame devem ser de alta qualidade e os profissionais devem ter ampla experiência na realização dos exames para visualizar quaisquer alterações”, alerta a especialista.
Ela ressalta que os exames de imagem precisam ser feitos por profissionais com experiência no diagnóstico de endometriose e, que no caso de extensão para outros órgãos como intestino e bexiga, o tratamento seja realizado por uma equipe para que a cirurgia, se necessária, seja eficiente.
Além disso, os exames servem tanto para evitar uma cirurgia desnecessária, quanto para o preparo da equipe multidisciplinar que irá realizar o procedimento:
“No caso de uma lesão no intestino, por exemplo, além do ginecologista, muitas vezes é necessária a presença de um proctologista ou se tiver uma lesão na bexiga, um médico urologista para o procedimento”, explica a especialista
Quais são os primeiros sintomas que merecem atenção?
É considerado comum sentir cólicas durante o período menstrual, mas para muitas mulheres, as dores são tão intensas e persistentes, que afetam sua qualidade de vida e disparam um alerta sobre a endometriose.
Entre os principais sintomas de endometriose, destacam-se:
- Dor abdominal intensa, especialmente durante a menstruação;
- Cólicas menstruais intensas;
- Ciclos menstruais irregulares;
- Sangramento menstrual intenso ou prolongado;
- Alterações no hábito intestinal, como diarréia ou prisão de ventre;
- Dor no momento de evacuar ou urinar;
- Dor na relação sexual, também conhecida como dispareunia;
- Distensão abdominal;
Entre outros.
Dados do Ministério da Saúde mostram que os sintomas de dor na região pélvica costumam atingir uma a cada dez mulheres no Brasil. Já a Organização Mundial da Saúde estima que 180 milhões de mulheres enfrentam o problema no mundo e, destas, sete milhões são brasileiras.
A infertilidade também é outro sintoma da doença e pode acometer mesmo a mulher assintomática, ou seja, que não apresenta quaisquer dos sintomas mencionados e está há alguns anos tentando engravidar sem sucesso.
Conheça os principais exames para o diagnóstico da endometriose
O tipo de endometriose costuma ser classificado de acordo com a profundidade da implantação do tecido endometrial fora do útero e sua localização, podendo ser:
Superficial – quando a infiltração dos tecidos atinge até 1 mm;
Intermediária – entre 2 mm e 4 mm;
Profunda – se igual ou superior a 5 mm.
Atualmente a combinação dos exames ultrassom transvaginal e ressonância magnética é a mais indicada para o diagnóstico da endometriose.
Ultrassonografia transvaginal
Atenção: esse exame para avaliação não é o exame transvaginal de rotina e necessita de um preparo intestinal para que o especialista possa avaliar com mais precisão a estrutura pélvica da paciente.
Esse exame é responsável por analisar órgãos e estruturas pélvicas, como: útero e ovários, trompas uterinas, ligamentos, vasos pélvicos, ureter, intestino e bexiga.
As imagens são trazidas em tempo real pelo especialista que consegue avaliar alterações no útero e indícios de massa pélvica.
Nas pacientes mais jovens que ainda não tenham tido experiência sexual, o exame é realizado via abdominal, sem tanta eficácia para diagnóstico e se denomina ultrassonografia pélvica.
Ressonância Magnética
A ressonância magnética é um exame que possibilita maior precisão no diagnóstico quanto ao desenvolvimento da endometriose e é indicado tanto para o diagnóstico inicial da doença, quanto em casos de diagnóstico positivo (para uma avaliação mais profunda do nível de comprometimento da doença).
Camila explica que, além da ultrassonografia transvaginal, em seu “roteiro de diagnóstico” costuma realizar a ultrassonografia da parede abdominal para avaliar se existe hérnia ou foco de endometriose no local.
Após isso é feito um exame abdominal geral, que precisa ser realizado com a bexiga cheia para a avaliação do fígado, vesícula e rins:
“Depois é realizado o exame ultrassonográfico transvaginal, mais completo que o de rotina e um Doppler que é um estudo do fluxo de sangue para que possamos observar os vasos e os fluxos nos ovários”, acrescenta a especialista.
Antes da decisão pela intervenção cirúrgica, é preciso que a mulher tenha o diagnóstico definitivo
Muitas mulheres consideram “normal” sentir dores durante o período menstrual ou durante as relações sexuais e, se mesmo após realizar algum exame apresentado como normal, o sintoma persista, é importante que insista na investigação da origem dessa dor.
“A ultrassonografia transvaginal e a ressonância são exames que têm se tornado cada vez mais acessíveis às mulheres e são exames importantes para um diagnóstico mais precoce que possibilita melhora da qualidade de vida e preservação da fertilidade”, finaliza a especialista.
Quanto antes for realizada a descoberta da doença, aumentam as chances de reverter a infertilidade nos casos em que a mulher está na tentativa de engravidar.
Lembre-se de que sentir dor não é normal, procure por especialistas experientes no diagnóstico da endometriose e pelo apoio multidisciplinar para a melhoria na qualidade de vida, como é o caso da Nutrição, Acupuntura, Psicologia, entre outras especialidades.
Gostou do conteúdo? Conheça mais sobre o trabalho da Dra. Aniele Hayashi, fisioterapeuta por formação, especializada em fisioterapia uroginecológica, pós-graduada em acupuntura, que já ajudou muitas mulheres com endometriose a terem uma melhor qualidade de vida e a realizarem o sonho da maternidade. Acompanhe o trabalho dela nas redes sociais Facebook e Instagram.
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