infertilidade

 

Muitos casais enfrentam a infertilidade, o que de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) afeta 48 milhões de pessoas no mundo. 

Na busca por tratamentos de Reprodução Assistida, a FIV (Fertilização In Vitro) é um dos mais procurados, sendo indicado no caso de pacientes que já obtiveram algum diagnóstico e indicação. 

Mas o que muitas pessoas desconhecem é a importância do embriologista para o tratamento da fertilidade do casal. O especialista é responsável por:

  • Criar condições que sejam adequadas dentro do laboratório para que ocorra a união do óvulo com o espermatozóide, quando tem início a formação do embrião;
  • Acompanhar o desenvolvimento embrionário no período pré-implantacional, ou seja, antes da implantação no útero;
  • Quando se trata da FIV, a função do especialista é selecionar os gametas, realizar a fertilização em laboratório, analisar seu desenvolvimento, realizar a classificação e o congelamento de embriões para utilização futura.

Entenda a classificação embrionária e como atua para maior sucesso no tratamento de casos de infertilidade

Dra. Rayssa Alves

Em tratamentos de reprodução assistida como é o caso da fertilização in vitro (FIV), a classificação embrionária surge como fator essencial para o sucesso no tratamento, sendo uma técnica utilizada pelos embriologistas para definir a qualidade dos embriões obtidos a partir da FIV.

A embriologista e Mestre em Reprodução Humana, Rayssa Alves, explica que a classificação embrionária está ligada à nota que um embrião recebe e quanto melhor é a qualidade do embrião, maiores são as taxas de sucesso do tratamento.

Sob outra perspectiva, o embriologista assume o papel de “cuidador” dos embriões e essa especialidade é essencial para uma gestação bem-sucedida. 

Rayssa acrescenta que a classificação embrionária é feita em números e letras e que a classificação mais utilizada hoje é a de blastocisto, em que se trabalha do 5º ao 7º dia de desenvolvimento do embrião. 

Os números variam de 1 a 6 e classificam a etapa de desenvolvimento do blastocisto, sendo 1 e 2 considerados blastocistos jovens, com menor taxa de sucesso na implantação, enquanto os blastocistos 3, 4, 5 e 6 são considerados mais maduros e com maiores chances de sucesso na implantação. 

Quanto às letras, variam de A a C e são referentes à qualidade e quantidade celular do blastocisto:

  • A – se refere às altas taxas de gravidez, com alta qualidade e quantidade celular; 
  • B – é referente a boas chances de gravidez, boa qualidade e quantidade celular;
  • C – indica consideráveis chances de gravidez, considerável qualidade e quantidade celular.

Quando o embrião não pode ser classificado é porque sofreu algum bloqueio, não evoluiu ao estágio de blastocisto ou porque degenerou, causando sua própria morte celular. 

“O papel do embriologista é criar condições favoráveis para que os embriões se desenvolvam da maneira mais próxima possível do que se desenvolveriam no corpo da paciente”, ressalta a especialista.

A FIV aumenta as chances de gravidez, já que os gametas femininos (óvulos) são produzidos em maior quantidade, o que aumenta a probabilidade de sucesso na implantação.

Além disso, os gametas masculinos (espermatozóides) também passam por análise após a realização do espermograma para avaliação da quantidade e qualidade dos espermatozoides.

Atuação do embriologista em diferentes contextos: congelamento de óvulos e embriões e avaliação genética do casal tentante

Levantamento documentado pelo SisEmbrio (Sistema Nacional de Produção de Embriões), contendo informações de mais de 90% dos Centros de Reprodução Humana Assistida, cadastrados pela Anvisa, revelou:

  • Congelamento de 114 mil embriões, sendo que em 2021 70 mil foram de mulheres com mais de 35 anos;
  • Em 2021, foram congelados mais de 96 mil óvulos a fim de adiar uma gestação, aumento de quase 70% em comparação a 2020!

Rayssa explica que a técnica de congelamento de embriões é empregada no tratamento de FIV do casal com a finalidade de aumentar as chances de gravidez quando as condições uterinas no ciclo fresco (embriões coletados no ciclo de estímulo ovariano) não são ideais. 

“O material (óvulo ou embrião) pode se manter congelado por tempo indeterminado e a sobrevivência deste material está intimamente ligada ao pré-congelamento e habilidade do embriologista em executar a técnica.”

Como é o processo de congelamento de embriões?

Dentre as principais dúvidas quanto ao congelamento de embriões é quanto à segurança e tempo de preservação do material, o recorde atual é o de um bebê nascido no estado norte-americano do Tennessee, de um embrião que foi congelado há 27 anos.

E isso é possível devido ao avanço de um processo conhecido como vitrificação. Rayssa explica que a técnica da vitrificação é um meio crioprotetor ou de criopreservação em que o congelamento de embriões é realizado, possibilitando a viabilidade longa e segura desses embriões por tempo de congelamento.

O embriologista tem a responsabilidade tanto de prontamente realizar o congelamento preservando as condições dos embriões, quanto de descongelar adequadamente o material para transferir para o útero da paciente. 

“O que mantém o embrião viável dentro do laboratório chamamos de cultura, em que fica armazenado a uma série de substâncias, dentre elas, aminoácidos e glicose, que o embrião irá metabolizar para obter energia e continuar seu metabolismo, mantendo o seu desenvolvimento”, esclarece.

O congelamento também é indicado em casos que antecedem o tratamento do câncer, seja por meio da quimioterapia ou radioterapia, que devido à alta toxicidade no tratamento leva à morte total dos óvulos e espermatozóides, sendo assim, o recomendado é a busca do paciente pelo tratamento de Reprodução Humana o quanto antes.

Embriologista também realiza a avaliação genética

Outra especialidade do embriologista é a avaliação genética do casal através do exame básico (sangue) de investigação da fertilidade chamado cariótipo, em que é possível analisar a normalidade ou anormalidade (alterações cromossômicas) que podem ser ocasionadas por alterações mutagênicas, polissomias ou monossomias, como é o caso, por exemplo, da síndrome do X frágil, desordem ligada ao cromossomo X.

Por onde o casal tentante deve começar a procurar ajuda? 

O primeiro passo, quando o casal está tentando engravidar há pelo menos um ano sem o uso de contraceptivos, é que se procure a ajuda de um ginecologista e, no caso dos homens, de um urologista.

Conforme indicação, o casal deve procurar apoio do especialista em Reprodução Assistida, que conta em sua equipe multidisciplinar com a atuação do embriologista.

A infertilidade tem tratamento, o que não se deve fazer é esperar mais tempo para procurar ajuda. 

 

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